A peça do mês de outubro de 2018 foi…
Barro do Regalado
A olaria caracterizava-se por uma indústria pequena, constituída por uma forte componente familiar, e quase sempre funcionava no local da residência.
Um indivíduo tornava-se oleiro porque geralmente o pai já o era e desde pequeno começava a conviver com o barro e a aprender a arte. Mas esta arte não era fácil. Era preciso ter talento, ter qualidades de artista…
Quase sempre a aprendizagem era feita depois da diária normal de trabalho, e para se fazer um oleiro o aprendiz precisava de se dedicar ao ofício pelo menos durante quatro anos. A primeira etapa era a de ajudante, aquele que fazia o trabalho bruto e primário de amassar o barro e preparar a liga.
Noutros tempos os oleiros não tinham mãos a medir. Fabricava-se grande quantidade de “burretos” para os fins mais variados e quase ligados ao quotidiano da vida. Os cântaros de boca larga para a cura da azeitona, os tachos para acondicionar e conservar os rojões no meio do pingue, as tigelinhas para guardar e conservar a manteiga, as bilhas para a água (levavam-nas para as terras durante o tempo quente para matar a sede), os vasos para as plantas, os tijolos e as telhas para a construção civil…
A matéria-prima usada era o barro, oriundo de Vagos. Nos primeiros tempos transportado em barcos até ao cais do Carregal, donde seguia, depois, para as olarias, em carros de bois. Mas este barro era muito forte e, trabalhado só por si, rachava facilmente. Era, então, adoçado com outro mais pobre, extraído da zona dos “Barreiros”, em S. João de Ovar.
O combustível que alimentava os fornos na cozedura era a lenha e a caruma e, mais tarde, o serrim. Do equipamento constava o forno, onde os ajudantes entravam para arrumar a lenha e a roda, que era manual. Era aí que a peça era moldada, o que exigia do oleiro toda a sua habilidade, a sua perfeição, o seu saber.
Com o decorrer do tempo, muita coisa mudou. O avanço voraz das novas tecnologias, em que a máquina se sobrepõe à especificidade da pessoa humana, foi fazendo desaparecer as olarias que, em alguns casos e de acordo com as leis do progresso, deram lugar à construção de grandes prédios.
Foi o que aconteceu à “Fábrica de Barros Regalado” que se situava perto da Estação de Caminhos-de-ferro em Oliveira de Azeméis. A antiga fábrica deu lugar a uma urbanização.
Foi fundador desta fábrica António Regalado. Era um artista na arte de moldar o barro, ofício que transmitiu aos filhos. Tinha um fabrico próprio de vários objetos, tais como: cântaros, alguidares, escudelas, telhas, pratos, tachos, etc…
Esta telha foi produzida na “Fábrica de Barros Regalado” e foi doada pelo Sr. António Maria Batista.
Informações retiradas de: http:// revistareisovar.blogspot.co m/

