O sinete

A palavra sinete vem do francês signet (selo) e designa o selo (chancela, carimbo) que se aplica em baixo de um documento importante. É semelhante a uma assinatura que atesta que o documento é legítimo e mesmo existindo desde o início do 3º milénio a.C. na Grécia Antiga, o sinete foi de larga utilização nos séculos XVI a XVIII. É um pequeno objeto de metal (placa, coluna e até anel) com uma face plana em que é lavrado um brasão, um nome ou outro símbolo que, em outros tempos funcionou como uma assinatura, em representação de um indivíduo ou de um coletivo para selar e autenticar documentos e cartas. Após a assinatura, a impressão era feita com um pouco de cera que era derramada sobre o papel no qual era pregado com o sinete, deixando um desenho pessoal, como um brasão, ou um símbolo.
Entre os habitantes da Mesopotâmia na Antiguidade era corrente o uso de selos, também chamados sinetes, como forma de identificação pessoal. Os selos ou sinetes eram, quase sempre, pequenos cilindros em que eram gravados desenhos que representavam deuses, figuras mitológicas, animais ou ainda algum texto; ao ser usado, o cilindro era rolado sobre uma placa de argila ainda mole, deixando a marca característica de seu proprietário. Para efeitos práticos, essa marca equivalia ao uso que fazemos de uma assinatura. Portanto, é fácil presumir a importância social dos artesãos que entalhavam sinetes, assim como a vigilância que se exercia sobre o seu trabalho, a fim de assegurar que nenhum selo tivesse uma réplica para propósitos escusos.
Uma vez que os selos eram amplamente utilizados por quase todos, dos reis aos humildes súditos, fica fácil entender a variedade de materiais adotados para sua confeção. Metais resistentes e baratos eram comumente empregados, mas também havia selos de marfim e de pedras e metais preciosos. Esses objetos, alguns rústicos, feitos sem grande perícia e cuidado, e outros até muito delicados, comprovando a maestria do artesão, são estudados, hoje, porque oferecem uma gama nada desprezível de informações sobre a cultura, a vida social e mesmo sobre as capacidades técnicas em uma época na qual a escrita não era ainda universalizada e, portanto, a cada indivíduo, mesmo não sendo um escriba, era facultado, através do uso de um selo ou sinete, autenticar documentos que fossem a expressão fiel de sua vontade quando adquiria uma propriedade, fazia doação de algum bem ou executava qualquer outra transação comercial. E, se era assim para o povo comum, tanto mais acontecia quando se tratava de um selo real, destinado a validar documentos que manifestavam a vontade dos monarcas.
Os selos ou sinetes foram usados também por outros povos, além dos mesopotâmios, e por muitos séculos, sempre com efeitos equivalentes aos de uma assinatura. Em lugar da impressão sobre uma placa de argila húmida, podia-se colocar um pouco de cera quente sobre a superfície desejada e então se aplicava o sinete, que deixava a sua marca peculiar.
Para evitar que o proprietário de um selo ou sinete perdesse tão precioso objeto, vindo daí, talvez, consequências bastante desagradáveis, os sinetes passaram a ser feitos em forma de anel ("anel de sinete"), assegurando que, literalmente, estivessem sempre à mão. Entendia-se que um sinete, por sua natureza, devia ser manipulado apenas pelo proprietário, e entregá-lo aos cuidados de outra pessoa era prova de irrestrita confiança.
Esta peça é um sinete composto por um cabo em madeira, e uma extremidade de metal, na qual estão gravadas as letras C F. Tem 9,5cm alt. x 3,5cm larg.. Foi doada por Maria Adelaide Andrade Alegria. Faz parte do espólio da Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis.