A faca
As facas são utilizadas desde as mais primitivas eras da humanidade. Ao longo da história humana, as facas foram produzidas nas mais diferentes maneiras, em várias sociedades. Foi no período pré-histórico Paleolítico (Idade da Pedra Lascada) que surgiu o primeiro objeto cortante, feito de pedra. Foram os nossos antepassados que aprenderam a lascar as rochas, para torná-las afiadas de forma a permitir cortar alimentos, caçar e ser um instrumento de sobrevivência. As lâminas de pedra foram equipadas com punhos de madeira, musgo ou couro para a proteção das mãos.
As primeiras facas de metal foram feitas primeiramente em cobre e depois em bronze. Mesmo sendo suscetíveis à corrosão, as facas de bronze superaram as facas de pedra, devido ao seu formato fino e mais afiado.
Em seguida, surgiram as facas de ferro, desenvolvidas pelos celtas. Mais tarde, descobriu-se que o aço permitia uma lâmina ainda mais afiada, além de garantir dureza e resistência.
Na Antiguidade, as facas valiam tanto, que muitos dos seus proprietários eram enterrados com elas.
Mesmo com todas as inovações, as facas tiveram uso restrito aos pequenos círculos da nobreza.
O homem medieval trouxe um sentido de proporção entre lâminas e punhos, ambos feitos de uma única peça de ferro. A lâmina tornava-se maior apenas em casos específicos, como nas facas usadas para trinchar carne. As facas eram ornamentadas com cabos de chifre, ossos e madeira, e os homens abastados carregavam-na para duplo uso: comer e se defender. Não havia, também, distinção entre facas usadas para caça, para trinchar ou para se usar à mesa.
É na Idade Média que surgem as primeiras fábricas de cutelaria europeias. O ápice do uso da faca como talher deu-se, entre o final da Idade Média e o Renascimento com os requintes da cutelaria em Itália, Alemanha, França e Espanha.
O cabo da faca também sofreu mudanças, sendo eles confecionados com os mais variados materiais. Foram produzidos em madeira, ébano, marfim, porcelana, metal, âmbar, entre outros.
Ainda no início da Renascença, as facas eram artigo raro. O anfitrião não precisava fornecer aos convidados nenhum tipo de utensílio para ser usado à mesa, a não ser os pratos. Isso ajuda a explicar o design das facas e das colheres, que eram pequenas para que pudessem ser carregadas no bolso, bem como o estilo de refeição, que era composta geralmente por ensopados ou por pratos com ingredientes já cortados em pequenos pedaços.
No século XVII, aparecem, na Europa, os faqueiros, compostos por facas, colheres e garfos. Mas até o século XVIII, os estojos de talheres individuais eram considerados objeto de distinção, além de um valioso presente. As facas modernas não surgiram, porém de uma evolução natural do gosto e dos rituais da mesa. Foi a vontade do cardeal francês Richelieu, na década de 1630, que começou a definir as tradições da corte real. Dizem que o cardeal detestava o uso de facas de gume duplo e pontiagudas para espetar comida e, ao mesmo tempo, limpar os dentes. Assim, convenceu o rei Luís XIII a banir o seu uso de modo e, consequentemente a, também, diminuir a violência em todo o reino. Em 1669, o rei Luís XIV proibiu todos os cuteleiros franceses de fazerem facas pontiagudas. Assim, surgiram facas com um só lado da lâmina afiado, e com a extremidade arredondada, sem corte. Essa foi uma das muitas mudanças nos modos à mesa operados a partir de então na Europa, e a separação definitiva da faca de mesa daquela utilizada como arma.
Outro fator responsável pela popularização das facas modernas foi o sucesso, no início do século XIX, dos garfos curvos de quatro dentes, que dispensavam a necessidade de espetar a comida com a lâmina da faca.
No século XVIII, surgiram as facas fabricadas em série. E no começo do século XX foi inventado o aço inoxidável, que permitiu o surgimento de uma gama enorme de utensílios de mesa, que se tornaram fáceis de confecionar e de conservar, além de mais baratos. Também nesta época foi inventada a faca elétrica. Depois do aço inoxidável, a novidade mais importante em cutelaria são as facas de cerâmica. Lançadas em 1999 na Alemanha, são leves, inoxidáveis, resistentes e jamais perdem o fio, além de não deixarem gosto de metal nos alimentos.
Esta faca tem lâmina, em metal e um cabo, em madeira. Tem 21,5cm comp. x 2,5cm larg.. Faz parte do espólio da Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis.
Informações retiradas de: https://fdefaca.com/f/a-história-das-facas