O chapéu
A palavra chapéu deriva do vocábulo do latim antigo, “cappa”, que significa “peça usada para cobrir a cabeça”.
O chapéu é um acessório que atravessa gerações. Há milhares de anos os primeiros modelos eram feitos de materiais naturais, como pele de animais, penas, palha e até folhas. Eram usados, principalmente, por caçadores, agricultores e pastores que ficavam muito tempo expostos ao sol, vento e chuva para trabalhar.
Ainda que não tenhamos vestígios de chapéus anteriores a 3000 a. C. é provável que esse estilo de proteção já fosse usado inclusive antes desse período. Seja como for, um dos primeiros modelos de chapéu que se tem notícia é um exemplar usado por um homem da Idade do Bronze (século IV a. C) originário de uma região montanhosa entre a Áustria e a Itália. Por sua vez, a primeira representação pictórica de um chapéu foi encontrada em Tebas, no Egito. A imagem, datada ao redor de 3200 a.C., ilustra um homem que leva um chapéu com forma cónica. Assim, a história do chapéu leva-nos até aos povos primitivos da pré-história, que o utilizavam como forma de proteção na cabeça. Contudo, foi a partir do período antigo que o item se tornou mais comum. Desde então, tanto os egípcios, como os mesopotâmicos e depois os gregos e romanos passaram a usar o acessório já não apenas como proteção, mas também como adorno. Os primeiros modelos de chapéu mais parecidos ao que conhecemos hoje em dia foram o píleo, o pétaso e o frígio, usados por volta do séc. IV a.C. pelos gregos e romanos. O píleo tratava-se de um chapéu de feltro com um fundo alto e abas curtas, que depois passou a ser adaptado para uma versão em bronze que servia como capacete de proteção. Por exemplo, na Roma Antiga havia uma cerimónia de libertação na qual os escravos raspavam a cabeça e passavam a usar esse chapéu como símbolo de sua liberdade. O pétaso era um chapéu-de-sol mais rente à cabeça e com abas largas, normalmente feito de lã, couro ou palha. O barrete frígio é um tipo de chapéu cónico macio com a ponta dobrada. É associado na antiguidade a vários povos da Europa Oriental e Anatólia. Posteriormente, a partir da revolução francesa o frígio passou a ser referenciado como o chapéu da liberdade, apesar de o título ser na verdade do píleo. No princípio do período medieval tornou-se mais comum o uso de chapéus feitos em tecido, como por exemplo, o chaperon, um capuz solto que era tanto usado por homens como por mulheres. Além disso, foi a partir da Idade Média que os chapéus passaram a servir como um marcador de status social. Os chapéus para mulheres variavam de simples cachecóis a véus mais elaborados, os quais exprimiam a sua condição social. A partir do século XV, os chapéus femininos foram se tornando cada vez mais elaborados. O hennin, ou touca de campanário, estava na moda em França e em Flandres, já entre 1460 e 1480. Além disso, as mulheres também usavam turbantes e véus levantados acima da cabeça por meio de longos cones. O termo “milliner“, usado para designar um modista ou chapeleiro, tem origem na cidade italiana de Milão. Essa era a região de onde vinham os chapéus de melhor qualidade no século XVIII, quando o uso da peça se popularizou. A confeção de chapéus era uma ocupação feminina. Nessa época, não se tratava apenas de criar um
chapéu ou capa, mas também de enfeitá-lo com rendas, plumas e outros acessórios.
Na história do chapéu, os modelos mais similares aos masculinos, apenas receberam uma versão feminina a partir do final do século XVI. Desde então, a moda feminina passou a trazer chapéus cada vez maiores e mais decorados. No início do século XIX, a tendência já se havia espalhado por toda a Europa. No final do século, muitos outros estilos foram introduzidos. Entre eles, por exemplo, chapéus com abas largas e coroas lisas, além do uso de novos materiais. Entre aqueles que serviam apenas como proteção contra o sol àqueles que funcionavam como marcador social, o acessório já apareceu em inúmeras versões. Ao longo do tempo existiram modelos de chapéu muito icónicos, como por exemplo o tricórnio; o bicorne; o fez; o chapéu asiático; o kufi; a cartola; o chapéu de coco; o chapéu-panamá, o sombrero, etc… O chapéu continuou a ser um acessório de destaque na primeira metade do século XX. Nessa época a peça era obrigatória a todos os homens, e muito comum entre as mulheres e crianças. Com a fabricação industrial o artigo passou a ser mais barato e, portanto, mais acessível. Além disso, tornou-se mais sóbrio e discreto, sendo usado para a vida quotidiana e não apenas em festas e eventos excecionais.
Na segunda metade da década de 60, o chapéu começou a entrar em desuso. A partir dessa década, os modelos mais conservadores deixaram de ser usados. Desde então, o boné começou a ganhar cada vez mais destaque. Mais mole e com uma aba única voltada sobre os olhos, o modelo surgiu no século XIX. Contudo, popularizou-se a partir dos anos 60 e mais significativamente nos anos 80. Tanto homens como mulheres de todas as idades usam esse novo chapéu, apesar de ser mais popular entre o público infantojuvenil. O modelo tem um ar mais desportivo e informal, tendo como principal função proteger a cabeça e os olhos dos raios solares.
Hoje, os chapéus são vistos tanto como acessórios práticos quanto como declarações de moda. Apesar das mudanças na moda, os chapéus continuam a ser uma parte essencial do guarda-roupa de algumas pessoas, mantendo a sua relevância tanto na funcionalidade quanto na expressão pessoal. Enquanto o mundo da moda continua a evoluir, o chapéu permanece um testemunho do nosso passado cultural, adaptando-se e sobrevivendo através dos tempos, mantendo a sua essência através das eras. A jornada do chapéu ao longo da história é um reflexo das mudanças culturais, sociais e tecnológicas da humanidade. De um simples protetor contra os elementos a um ícone de estilo e status, os chapéus continuam a desempenhar um papel significativo na nossa sociedade.
Este é um chapéu de coco. É feito em feltro. Tem 13cm alt. x 26cm larg. x 31cm prof.. Foi doado pela Sr.ª Margarida Leite e faz parte do espólio da Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis.
O chapéu de coco tem as suas raízes na cultura britânica do século XIX, onde era usado como parte do traje formal masculino. Foi popularizado por figuras icónicas como o famoso Charlie Chaplin.
Informações retiradas de: https://www.fashionbubbles.com/.../1418-a-origem-do.../ e https://cultura.avancada.info/.../1418-a-origem-do-chapeu e https://comandogeek.com.br/.../gloss.../o-que-e-chapeu-coco/?