O almofariz e pilão

O almofariz é um utensílio que serve para moer ou esmagar pequenas quantidades de produtos, por vezes misturando vários ingredientes. Trata-se de uma tigela de paredes grossas na qual se coloca o material a ser moído ou esmagado por uma outra peça, chamada pilão, que é um bastão com ponta semiesférica, geralmente feito do mesmo material que o almofariz (madeira, barro, vidro, porcelana, pedra ou metal).
Para utilizá-lo, segura-se o pilão pelo cabo, batendo-o contra o almofariz, até triturar ou amassar o alimento, substância ou corpo a ser transformado.
A origem da utilização do almofariz é imprecisa no tempo e no espaço. Contudo, sabe-se que o seu uso é identificado no conjunto dos artefactos do homem primitivo. Há autores que situam a sua invenção na Idade da Pedra, quando os humanos descobriram que o processamento de alimentos e outros materiais por trituração e moagem em partículas menores permitia uma fácil ingestão. Conhece-se o seu uso designadamente no Antigo Egipto ou pelos Sumérios, Hebreus, Gregos ou Romanos. Inicialmente, os almofarizes apresentavam uma configuração muito tosca e grosseira, constituídos por placas de pedra, por buracos escavados nas rochas, ou com pedras e barro.
Se no Antigo Egipto, os almofarizes e o pilão eram feitos de pedra, noutras civilizações os materiais utilizados foram a madeira, o chumbo, o estanho e o bronze. Mais recentemente, foram utilizados o vidro e a porcelana. Não houve alterações significativas na morfologia dos almofarizes, desde as civilizações clássicas, passando pela Idade Média e sociedade moderna, até aos nossos dias.
A função do almofariz e do pilão foi sempre muito diversificada e permanente ao longo dos tempos e das comunidades, ajustando, por isso, as necessidades humanas aos recursos gerais disponíveis. Não se limitando à preparação de compostos medicinais, foi usado, também, na preparação de farinhas e pastas usadas na alimentação ou na preparação de pigmentos para a pintura e outros tipos de tecnologias e formas de coloração. Sublinha-se a sua especial utilização na trituração de raízes, de ervas secas, de rizomas e de outros materiais.
A partir do século XV, regista-se a utilização generalizada dos almofarizes de bronze, especialmente no âmbito da alquimia, tendo em conta quer a sua composição mais resistente (face aos tradicionais almofarizes feitos em argila), por serem fundidos, quer a sua configuração onde as alças e as bicas facilitavam o despejo dos materiais.
No final do século XVII, surgem os almofarizes de porcelana esmaltada e de vidro fundido. Estas novas configurações apresentavam-se como mais adequadas face ao seu progressivo uso com produtos químicos, não sendo danificados, ou mesmo pela facilidade da sua limpeza.
Este objeto é um almofariz com pilão. É feito em vidro, e a sua produção é atribuível ao “Centro Vidreiro”. O almofariz tem 10,5cm alt. x 12cm larg. e o pilão tem 14,5cm comp. x 3,5cm larg.. Pertenceu a Manuel de Oliveira Guerra e foi adquirido à sua filha, Virgínia Guerra. Faz parte do espólio da Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis.